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Acha caro ir ao cinema? Entenda como se calcula o valor dos ingressos e a divisão da bilheteria

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Valor é dividido entre salas de cinema e distribuidores do filme. Impostos e pagamento de direitos pelas músicas também estão embutidos no preço.

 

Em crise por conta da pandemia da Covid-19, os cinemas ensaiam uma reabertura na próxima semana diminuindo os preços. No “velho normal”, um ingresso de cinema custava mais de R$ 50 em salas gourmet dentro de shoppings ou menos R$ 20 em salas pequenas na rua.

 

Em qualquer uma delas, o que compõe esse valor não muda: há impostos, pagamentos de exibidor, distribuidor, aluguel e uma conta complexa para pagar comissão dos investidores, do governo e gastos da produção.

 

Exibição
Do valor total do ingresso, cerca de 52,5% fica com os cinemas. Essa porcentagem é uma média do que é praticado no mercado, mas pode variar, dizem os entrevistados ouvidos pelo G1.

 

“Também há uma negociação entre exibidores e distribuidores do percentual, mudando às vezes ao longo das semanas que o filme fica em cartaz”, explica Felipe Lopes, diretor da distribuidora Vitrine Filmes. Em alguns casos, o percentual que fica com o exibidor vai para 60% a partir da segunda semana. De sua fatia do ingresso, os exibidores pagam uma porcentagem de aluguel pelo cinema. Ela começa em 5% e pode chegar a 15%.

 

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Segundo Sherlon Adley, diretor comercial e de marketing da rede Cinesystem, em alguns shoppings, o pagamento do aluguel pode funcionar de duas maneiras: uma porcentagem estimada dos ingressos ou um valor fixo. Geralmente, o que for maior.

Do valor também saem 5% para o pagamento do ISS (Imposto sobre serviços de qualquer natureza) e 2,5% para o pagamento ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) pelo direito das músicas nos filmes.

 

Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Multiplex, Caio Silva, o que sobra para o cinema engloba ainda “outros significativos custos envolvidos na operação das salas de cinema”, como “custos de colaboradores, energia, água e IPTU”.

 

Os donos e administradores de cinema dizem que a margem de lucro sobre o ingresso é muito baixa. Por isso, eles têm investido em salas VIP, na venda de comida, bebida, brinquedo e presentinhos ou usado o espaço para realizar eventos.

 

“As salas com mais conforto são as que mais lotam e têm consumo mais alto. 80% dos espectadores dessas salas estão consumindo. Então é um bom investimento”, diz Adley.

 

Distribuição
Em média, as empresas que distribuem o filme administram os outros 47,5% do valor da bilheteria. Desse percentual, o distribuidor paga cerca de 6,8% de impostos e contribuições, entre eles Pis, Cofins e CSLL (Contribuição social sobre lucro líquido).

 

A comissão da distribuidora costuma ser 25% do valor que ela recebe. Esse é o teto limitado pela Ancine para filmes que contam com recursos públicos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Sobre o total do valor, essa comissão representa 11,8%. “O principal trabalho da distribuidora é fazer um lançamento com o tamanho do retorno que espera receber de volta”, diz Lopes.

 

O que sobra depois desses pagamentos é chamado de receita líquida de distribuição. É daí que vão sair os pagamentos dos investidores e do FSA, a recuperação do investimento em divulgação e comercialização dos filmes e a participação do produtor.

 

Não existe uma porcentagem definida para esses pagamentos porque eles variam de contrato para contrato, explicam os entrevistados, e divulgar os valores poderia enfraquecer as negociações. “A recuperação do investimento em comercialização é definida em contrato e o valor da campanha aprovado entre produtores e distribuidora. Como ele é variável, não há um percentual fixo de quanto dos ingressos acaba indo para o produtor”, explica Lopes.

 

“O produtor participa do que sobra e a sua participação é de acordo com o que ele consegue reter depois de pagar a todos os sócios do filme. Quando sobra, porque às vezes não dá nem para pagar”, diz o produtor Jorge Peregrino. Pode parecer que estão faltando atores, diretores e roteiristas nessa conta. Mas o pagamento da equipe não sai do valor do ingresso. Os custos para fazer o filme são contabilizados na produção. E os pagamentos de atores, diretores e equipe são fixos, não dependem de bilheteria.

Sucessos e fracassos
Como o preço do ingresso não costuma variar nos cinemas, para aproveitar o sucesso de um filme, é preciso aumentar o número de salas e o período de exibição. “A gente pergunta para a distribuidora: quanto você acha que vai dar de público? Eu sei qual é meu share do mercado (participação) para cada gênero de filme e sei qual é meu ticket médio. Assim, eu calculo quanto posso faturar”, explica Adley.

 

“Às vezes a gente acerta e a previsão de 12 milhões vira 19, como foi com ‘Vingadores’. Mas pode acontecer o contrário. Para ‘Pets’, se imaginava 5 milhões e deu 1,8 milhão apenas”, conta. O diretor da Vitrine explica que todo lançamento de filme é trabalhado em conjunto entre distribuidores e exibidores, em busca de um calendário que não tenha semanas muito cheias ou muito vazias de estreias.

 

por Thaís Matos G1 – foto: Sivaram V/Reuters/Arquivo

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