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Número de óbitos por coronavírus em Goiás pode ser cerca de 30% maior do que o informado, diz pesquisa da UFG

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Segundo estudo, demora mais de 15 dias para uma morte por Covid-19 ser confirmada e entrar nas notificações do governo. Assim, estado, que já tem 654 óbitos registrados, pode ter em torno de 900. Estado nega atraso em registros.

 

Goiás pode ter cerca de 30% mais óbitos por Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, que o divulgado oficialmente pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Assim, em vez de 654 mortes, conforme consta no último boletim do governo, divulgado na segunda-feira (6), o estado já teria em torno de 900 pessoas mortas em decorrências do vírus.

 

Segundo a pesquisa, a defasagem é resultado, entre outros fatores, de uma demora para que os óbitos sejam confirmados e notificados – o que aconteceu à mesma proporção que a doença se espalhou pelo interior do estado.

 

“O atraso gera sub-notificação no momento.[…] Há óbitos que ocorreram em abril sendo confirmados nos dias de hoje. […] Isso significa que o número de óbitos que já ocorreram é muito maior do que está na secretaria, cerca de 30% maior. É possível que já estejamos em 800, 900 óbitos”, explicou o professor e doutor Thiago Rangel, que assina o estudo com outros dois pesquisadores.

 

A SES-GO informou, em nota, que “discorda que exista subnotificação do número de óbitos no estado. Em reunião com técnicos da Fiocruz, na última semana, uma das conclusões foi a de que os dados de mortes em Goiás são fidedignos”.

 

Já em relação ao número de contaminados, a secretaria acredita que, “certamente, é maior [do que o registrado], pois há pessoas infectadas e que ainda não foram diagnosticadas. Mas de óbitos não, visto que toda morte é registrada a partir de um atestado de óbito. Muitas vezes, esse documento atesta a morte suspeita por Covid-19, mas, após investigação e com o exame diagnóstico, o resultado é negativo”.

 

Em relação ao diagnóstico, exames de óbitos e casos graves são priorizados no Lacen-GO desde o início da pandemia. Casos inconclusivos passam por uma avaliação de um comitê de óbitos para análise detalhada.

 

De acordo com o pesquisador, o principal impacto desse atraso calculado pela UFG é justamente nos esforços empenhados para conter o avanço da doença, porque as autoridades têm de tomar decisões com base em números que estão com mais de 15 dias em atraso.

 

“Se você faz uma intervenção de abertura ou fechamento, isso reflete nos hospitais daqui 15 dias, mas aparece nos números com mais 15 dias de atraso. Então, na verdade, estamos falando de 30 dias de atraso [entre as ações e o reflexo nos dados da SES]”, alertou.

 

Também de acordo com o pesquisador, é possível que a sub-notificação aumente com o avanço da contaminação. Se houver falta de testes, por exemplo, devido à alta quantidade de casos, pode ser que os números fiquem ainda mais discrepantes da realidade.

 

Avanço do coronavírus em Goiás
De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, a disseminação do coronavírus no Centro-Oeste durante o mês de junho foi mais acelerada que a média nacional. Enquanto o número de mortes pela Covid-19 teve alta de 54,5% no Brasil entre 8 e 28 de junho, na região o crescimento foi de 191% nesse mesmo período.

 

Goiás é onde o número de infectados cresceu de forma mais acelerada: enquanto os casos confirmados aumentaram 89,2% em todo o Brasil em 20 dias, o aumento no estado foi de 246% no mesmo período. Em um mês, Goiás registrou 84% dos casos confirmados de coronavírus desde a primeira notificação em território goiano, em março.

 

O principal motivo apontado por autoridades de saúde para o crescimento da doença é o baixo isolamento social, que estava em 37% nesta semana. Depois, aparecem a grande densidade populacional em algumas regiões e a flexibilização na abertura de atividades que não são consideradas essenciais.

 

Futuro
As estatísticas da UFG apontam que “o pior ainda está por vir”. Thiago afirmou que as previsões mostram que julho e agosto serão meses de avanço rápido da doença, podendo contabilizar cerca de 100 mortes por dia.

 

“A menos que apareçam novas evidências, o que pode acontecer, a previsão é de um avanço exponencial. […] Vai ser diferente do que vimos até maio, que foi a fase inicial e lenta. É difícil para todos nós pensarmos na progressão, porque até agora estávamos nos acostumando com um ritmo, mas vamos entrar em outro”, disse.

 

A SES, no entanto, prevê que o pico deve ocorrer na última semana de julho e que agosto já será um mês de declínio no número de casos.

 

“Está previsto para 22 a 27 de julho [a pior semana], conforme o que se observa nos outros estados e países. Essa informação foi apontada no início do mês anterior e tem sido cumprida. Nos já estamos vivendo o mês crítico, não é algo para a frente”, informou a pasta.

 

por Vanessa Martins – G1 Goiás – foto: reprodução/Pref. Aparecida de Goiânia

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