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Pagamento digital e uso de papel-moeda crescem na pandemia, diz estudo

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No Brasil, compras feitas por aplicativos de celular cresceram 30% no durante o primeiro mês de isolamento social

 

Um levantamento do ITCN (Instituto de Estudos Estratégicos de Tecnologia e Ciclo de Numerário), ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso com exclusividade, comparou efeitos da pandemia do novo coronavírus no sistema monetário de países do continente americano. O documento mostra que tanto o uso de papel-moeda quanto de pagamentos digitais cresceram no período nos oito países avaliados. Foram consideradas informações de Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, México e Peru.

 

O objetivo da pesquisa é analisar a atuação dos bancos centrais de diferentes partes do mundo em eixos como impacto da pandemia, bancarização, numerário e preferência de pagamentos da população, open banking e nível de autonomia da autoridade monetária. A pesquisa usou dados disponíveis de levantamentos de empresas privadas e do governo dos países analisados.

 

No Brasil, segundo dados coletados pelo Instituto Locomotiva e publicados em abril de 2020, as compras feitas por aplicativos de celular cresceram 30% no durante o primeiro mês de isolamento social. O estudo também citou uma pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que aponta para um crescimento de 22% nas transações bancárias realizadas por pessoa física via Mobile, entre janeiro e abril. Segundo o relatório, as transações em agências caíram 53%.

 

“Buscamos também dados sobre aumento da demanda por papel-moeda no Brasil, mas especificamente per capita, para facilitar a comparação com os outros países, já que as informações não são padronizadas, e não encontramos. Mas, foi observada a demanda no geral e de emissão de cédulas”, diz Mariana Chaimovich, coordenadora da pesquisa.

 

Com a demanda por dinheiro para o pagamento do auxílio emergencial, o Brasil passou a emitir neste ano a nota de R$ 200. Na época, o BC argumentou que a cédula foi criada para dar conta da movimentação do benefício.

 

“Durante o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, conforme prognóstico feito por empresas do setor, a adesão aos meios de pagamento digitais foi acelerada, destacando-se, conforme tendência anterior, o Mobile Banking”, conclui o estudo.

 

“Entretanto, observou-se também aumento significativo da demanda por dinheiro em espécie, que bateu recordes de valor em circulação. Esse fenômeno indica que, ao invés de ter se concentrado em apenas um setor, houve diversificação de meios de pagamento utilizados durante a pandemia”, diz.

 

O México, por exemplo, apresentou crescimento interanual de 31,7% em transferências interbancárias após a chegada do vírus ao país. “O uso dos meios de pagamento na região durante a pandemia expôs um fenômeno contrastante: houve aumento tanto no uso do dinheiro em espécie quanto dos meios de pagamento digitais”, diz o estudo da ITCN.

 

Segundo o Banco do México, a busca por dinheiro em espécie aumentou 8,26% desde o fim de 2019. No Chile, houve um aumento da demanda de dinheiro em espécie já a partir de meados de 2019, com as manifestações populares no país, movimento que se acentuou durante a pandemia.

 

Durante o segundo trimestre de 2020, o crescimento da demanda de numerário foi da ordem de 16%. No país, o aumento do uso do dinheiro durante a pandemia superou o observado na crise de 2008.

 

Além do dinheiro, houve aumento do uso de todos os meios de pagamento de forma geral, segundo o documento.

 

Alguns dados fornecidos à Folha não entrarão na primeira fase da pesquisa, mas em etapas posteriores. O instituto ainda estudará países de outros continentes -60 no total- até fevereiro do próximo ano.

 

Dos países analisados, o Canadá possui a maior taxa de população bancarizada, com 100%, e o México a menor, com 37%. O Brasil, segundo o levantamento, tem 70%. O estudo usou dados do Banco Mundial de 2017.

 

“Nem sempre existe correlação entre altas taxas de bancarização e baixo uso do dinheiro em espécie. Um exemplo é o Chile: o país possuía 74% da população acima de 15 anos bancarizada e simultaneamente apresentava 75% que afirma utilizar dinheiro em espécie sempre e quase sempre, contra 55% do cartão de débito”, aponta a pesquisa.

 

A pesquisa também analisou se os países têm sistema de open banking e o nível de regulação do sistema. No tópico, o Brasil é pioneiro na implementação, junto com o México, que já deu o primeiro passo para a criação da nova ferramenta, mas ainda não tem previsão para adotá-la plenamente.

 

O open banking é uma plataforma pela qual o usuário compartilha dados e tem acesso a produtos financeiros de diversas instituições financeiras, nas quais pode buscar condições mais vantajosas. No Brasil, a plataforma deve estar completamente implementada em 2021.

 

Os demais ainda não discutiram a implementação do modelo.

 

Além disso, o estudo compara os bancos centrais dos países e o nível de autonomia. Entre eles, apenas o brasileiro não estabelece mandato fixo aos dirigentes.

 

“Mas foi curioso observar que o mandato não é garantia de baixa rotatividade entre os dirigentes de autoridades monetárias. Na Argentina, por exemplo, apesar da previsão de mandato de seis anos, o país teve sete presidentes do Banco Central nos últimos dez anos, entre 2010 e 2020”, diz Chaimovich.

 

Segundo o estudo, apesar de ser o único país onde o cargo é de livre nomeação, no Brasil, a rotatividade dos presidentes do BC acompanha a dos presidentes da República. Nos últimos dez anos, apenas três foram nomeados para a cadeira.

 

por FolhaPress – imagem: Agência Brasil

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