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Intervenção na Petrobrás cria dúvida sobre venda de refinarias

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Tão importante quanto uma eventual mudança na política de preços dos combustíveis, com a Petrobrás sob o comando do general Joaquim Silva e Luna, é saber se a estatal manterá o plano estratégico de negócios traçado nas últimas gestões, dizem analistas. Especialmente em relação aos desinvestimentos, com a prioridade dada à exploração do pré-sal e a saída de áreas menos rentáveis à companhia.

 

Silva e Luna, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar a presidência da estatal no lugar de Roberto Castello Branco, na noite de sexta, 19, já veio a público dizer não ver possibilidade de interferência nos preços dos combustíveis, uma vez que a decisão sobre o tema é colegiada. Mas que é preciso enxergar, além dos acionistas e do lucro, o impacto causado pela empresa em toda a população. A intervenção foi feita após pressões dos caminhoneiros, por conta do aumento dos combustíveis.

 

“As refinarias (que estão no programa de desinvestimento) vendem derivados”, diz o sócio da consultoria Tendências Gustavo Loyola. “Se elas não pertencem mais à Petrobras, como ela vai poder controlar os preços?” Além disso, diz Loyola, a visão de generais não costuma historicamente ser pró-privatização. “Será que ele vai continuar nesse programa ou ter a confiança de potenciais compradores?”, afirma.

 

Na prática, a dúvida dos analistas – e também do investidor – é saber se Silva e Luna comandará a petroleira de maneira profissional ou se obedecerá às demandas do Palácio do Planalto, que não tem uma política de Estado de longo prazo para o setor. “O Silva e Luna é mais um pau mandado, mais um (ministro da Saúde, general Eduardo) Pazuello”, afirma Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), referindo-se à percepção de que o general à frente da Saúde teria permanecido no cargo apenas por não ter contestado as convicções de Bolsonaro em relação ao combate à pandemia, ao contrário de seus antecessores.

 

Para Sergio Werlang, também ex-diretor do BC, o governo entende a necessidade de continuar o programa de vendas da Petrobrás e a importância das privatizações em andamento. “Há (no governo) a compreensão de que a privatização é algo que ajuda a melhorar contas públicas e evita gastos públicos”, diz Werlang. “Não vejo por que (a troca de comando) atrapalharia privatização da Eletrobrás ou dos Correios, colocando-se uma golden share, que dê conforto à ala mais nacionalista.”

 

O consenso é que a incerteza deve fazer o preço dos ativos cair. Aumenta a incerteza dos investidores interessados sobre o retorno dos negócios à venda e as áreas em que atuarão – o que reflete diretamente sobre o valor final de eventuais ofertas. “O problema é que um fato desse, com a Petrobras, é ainda mais grave porque a empresa já vem de processo extremamente traumático”, afirma Carlos Kawall, da Asa Investments. Petroleira mais endividada do mundo, por conta da política de preços de petróleo artificial e de investimentos questionáveis na gestão Dilma Rousseff e alvo do escândalo da Lava Jato, a Petrobrás veio se recuperando, ao longo dos últimos anos.

 

Outra dúvida, com a mudança, diz respeito à permanência dos quadros técnicos do governo, considerados bem preparados. “(O ministro da Economia) Paulo Guedes conseguiu colocar pessoas de excelente nível técnico em várias empresas ligadas ao governo e, à medida em que Bolsonaro desmonta a estratégia, a equipe começa a se sentir impotente em relação a formulações corretas”, afirma Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman.

por Estadão com Redação – imagem: internet

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