Close

Qual o verdadeiro sentido da Páscoa? Entenda a origem e o significado atual

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no linkedin

A Páscoa pode ser considerada a grande festa cristã. Nessa data, é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo. No entanto, a Páscoa já existia desde a Antiguidade, embora com outro significado. Até hoje, a Páscoa simboliza coisas diferentes para judeus e cristãos.

 

O feriado religioso acontece sempre em um domingo e vai muito além dos ovos de chocolate. Confira a origem da data e seus significados.

 

Origem da Páscoa
A origem da Páscoa é antiga, mais velha para os judeus do que para os cristãos, inclusive. “Sabemos que essa festa está muito ligada a um ambiente pastoril, agrário, rural. Era uma festa que existia na Antiguidade no que seria o Oriente Médio hoje. Provavelmente a Páscoa nasceu como uma festa em comemoração do nascimento das ovelhas na primavera”, conta Gerson Leite de Moraes, coordenador do curso de teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

 

Na tradição judaica, a Páscoa acontece a partir do momento em que os israelitas se libertam da escravidão dos egípcios. Não é fácil precisar datas, já que os registros arqueológicos são escassos. É possível situar o período de escravidão próximo ao século 13 antes de Cristo, na época do reinado do faraó Ramsés 2º (1279 a 1213 a.C.).

 

Na Bíblia, o livro do Êxodo (o segundo no Antigo Testamento) é tradicionalmente atribuído a Moisés. Relata o período da escravidão dos hebreus, a saída do povo do Egito e a peregrinação rumo a Canaã, a chamada Terra Prometida. O texto é recheado de passagens que contam o sofrimento do povo sob o jugo egípcio.

 

“Moisés não aceitou a truculência escravocrata e matou um egípcio. Com medo da sentença de morte, fugiu para o deserto. Depois, foi reenviado ao Egito para propor uma saída da escravidão”, diz o frei Lisaneos Prates, também professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

 

Daí se tem uma definição da Páscoa: saída de uma definição de escravidão em busca de liberdade. Por isso que o termo hebraico ‘Pessach’ significa saída, passagem, esperança, no sentido de superar a escravidão.
Frei Lisaneos Prates, professor da PUC-SP

 

Como ganhou contornos religiosos?
“No horizonte bíblico, os israelitas são um povo peregrino, migrante, nômade. Ao longo das andanças, foram tendo contato com vários povos e religiões. Houve também contato com religiões politeístas. Eles foram agregando elementos à cultura religiosa, obviamente sem colocar em risco o horizonte monoteísta”, diz o professor da PUC-SP.

 

Entre Moisés e Jesus, há uma separação estimada entre 1.200 e 1.500 anos. Mas há semelhanças no histórico entre os dois povos.

 

Na época de Moisés, por exemplo, os judeus sofreram nas mãos dos egípcios. Já nos tempos de Jesus, o perseguidor estava na figura do Império Romano, que contava com o apoio de alguns grupos de judeus.

 

“Jesus não aceitava a dominação política imperial romana e não aceitava que seus conterrâneos tivessem uma parceria interesseira com a dominação romana. Na época, Jesus foi visto como ameaça e isso gerou uma perseguição”, afirma o frei Lisaneos Prates. “As lideranças judaicas ortodoxas, em conluio ao poder imperial, perseguem Jesus e dão a Ele uma morte violenta na cruz.”

 

A morte de Jesus foi antecedida da Última Ceia, ou seja, da celebração da Páscoa judaica. Em uma sexta-feira — a Sexta-Feira da Paixão ou Sexta-Feira Santa—, Jesus foi condenado à morte, sendo crucificado.

 

“A morte de Jesus causou uma dispersão nos primeiros seguidores, por causa do risco de também serem brutalmente assassinados. Muitos se esconderam. E aí vem a ressurreição de Jesus, que foi definitiva para a nova Páscoa. É a cristianização da Páscoa judaica feita pelos seguidores de Jesus”, completou Prates.

 

Claro que houve descrença, como explica Helmut Renders, pastor e professor do curso de teologia e do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo.

 

“Não há uma linha direta de confiabilidade. Não existem provas nem certezas que conseguem desfazer a necessidade de confiança, de fé. Páscoa é uma afirmação da fé. Não há uma forma de cientificamente aprovar ou reprovar”, diz.

 

O relato bíblico dá conta que, após a ressurreição no domingo, Jesus teria convivido com seus seguidores por aproximadamente 40 dias, antes de ascender aos céus. A cruz virou símbolo.

 

Primeiro papa
Sem Jesus, começou a difusão do cristianismo a partir do trabalho dos seguidores de Jesus. É o caso de Pedro, um dos apóstolos e considerado o primeiro papa da Igreja Católica. Até então, o cristianismo era considerado um ramo dentro do judaísmo.

 

No ano de 325, o imperador Constantino organizou o Concílio de Niceia, quando foi dada liberdade de culto aos cristãos. No ano 380 d.C., durante o governo de Teodósio, o cristianismo se tornaria a religião oficial do Império Romano.

 

Por que a data da Páscoa muda?
Foi no concílio de Niceia que a data da Páscoa começou a ser discutida. O consenso atual é que a Páscoa tem relação direta com eventos da natureza. O primeiro ponto é a chegada do equinócio de primavera (no hemisfério Norte) —ou seja, a transição de inverno para primavera— ou equinócio de outono (no hemisfério Sul). O fenômeno acontece entre os dias 20 e 22 de março.

 

“A partir daí, você tem que esperar a primeira lua cheia. O próximo domingo após a lua cheia é o domingo de Páscoa”, diz Gerson Leite de Moraes.

 

“Da Páscoa, se conta 47 dias para trás, até chegar à Quarta-Feira de Cinzas, que marca o início da quaresma”, completa.

 

“Ressignificar a Páscoa, mais do que nunca, hoje, é esperança. Em uma pandemia, os mais pobres sofrem mais. A vacina é o grande símbolo da esperança pascal, do êxodo, da passagem, de uma situação que é desumana. É a semente da esperança. O gesto de colocar a vacina no braço é um horizonte da mudança. É passar de uma pandemia perversa, que mata, para um novo tempo”, opina o frei católico da PUC-SP.

 

Como o Coelhinho da Páscoa entra na história?
É impossível separar a Páscoa tradicional da que envolve o Coelhinho da Páscoa e os ovos de chocolate. É como pensar em Natal —em memória ao nascimento de Jesus— sem Papai Noel. Acredita-se que a tradição do coelhinho tenha raízes na Europa.

 

“O coelho simboliza a vitalidade. É um animalzinho que tem uma fecundidade a toda prova. Isso corresponde à proposta pascal, com o novo que deve emergir”, aponta Prates, da PUC-SP.

 

“Já o ovo como símbolo de ressurreição faz parte da iconografia medieval e isso, de certa forma, é preservado nas nossas tradições por meio dos ovos de Páscoa”, afirma Helmut Renders, da Universidade Metodista.

 

Por Matheus Adami Colaboração para UOL – foto – reprodução

admin

admin

Escreva o seu comentário!

Sobre Mim

Clique no botão de edição para alterar esse texto. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.

Novas Postagens

Siga nós