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Irmãos Coragem: A influência da família Santillo na história de Anápolis

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Desde a década de 40, um grupo familiar oriundo do interior de São Paulo tem voz ativa em diferentes setores do Município

 

Ao lado das famílias Caiado; Jaime; Faria, Canedo e Pina, o “Clã Santillo” marcou, efetivamente, a história da política em Anápolis a partir dos anos 60, com reflexos, até, nos dias de hoje. Sua influência extrapolou os limites do Município e do Estado, principalmente por dois dos seus integrantes: Henrique, o mais velho e, Adhemar, o filho do meio que cumpriram notáveis jornadas no Congresso Nacional. Henrique foi mais longe e ocupou, também, o cargo de Ministro de Estado, um dos poucos políticos de Goiás a chegarem a tal posto.

 

A predominância dos irmãos Santillo, apelidados de “Irmãos Coragem” (uma analogia à famosa novela da Rede Globo, curiosamente vivida em ‘Coroado’, uma cidade fictícia no interior de Goiás) devido à ideologia por eles desenvolvida, principalmente durante o Regime Militar (1964/1981), ficou como uma marca indestrutível. O despertamento para as causas sociais foi ‘startado’ com a eleição de Henrique para vereador, com estupenda votação. Depois foi a vez de Adhemar entrar para a política, já como deputado estadual e, em seguida, o caçula Romualdo que, também, atuou no parlamento estadual. Mas, o nome Santillo povoou, também, setores como o Rádio, a Medicina, a Advocacia e o empreendedorismo. O pai se tornou comerciante assim que chegou a Anápolis na década de 40.

 

Dentre os muitos trabalhos biográfico sobre sua trajetória, Henrique Santillo, que nasceu na cidade paulista de Ribeirão Preto, em 1937, foi o primeiro a se interessar pela política, inicialmente, a estudantil. Era filho dos imigrantes italianos Virgínio Santillo e Elydia Maschietto Santillo. A família, composta, ainda, pelos filhos Ademar e Romualdo, transferiu-se para Anápolis em 1942. Henrique era criança quando começou a trabalhar e a ajudar no sustento de casa, primeiro com o pai e, depois, como empregado de uma banca no Mercado Municipal (Mercado Carlos de Pina). Ele foi casado com Sônia Célia Santillo, com quem teve dois filhos e três filhas.

 

Em Anápolis, cursou o Primário, o Ginasial e o Científico, onde ensaiou os primeiros passos na política como líder estudantil. Graduou-se em Medicina em 1963 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Belo Horizonte, onde conciliava os estudos com a função de professor. Chegou à presidência do Diretório Central dos Estudantes da UFMG e, depois, da União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais. Em 1960, foi eleito conselheiro da União Nacional dos Estudantes.

 

Na volta a Goiás, em 1964, foi médico plantonista na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, onde prestava atendimento gratuito e voltou a envolver-se na política como candidato a vereador em 1966, obtendo mais de 10% dos votos em meio a 60 concorrentes. Conquistou a Prefeitura de Anápolis em 1969, com dois terços dos votos apurados. Fez um governo moderno, mas, totalmente voltado para as causas sociais.

 

Elegeu-se deputado estadual em 1974, quando foi, novamente, o mais votado dentre os postulantes à Assembleia Legislativa. Em 1978 chegou ao Senado, com mais de 100 mil votos de diferença sobre os concorrentes. Foi candidato ao Governo de Goiás em 1986 e eleito com mais de 400 mil votos de frente. Foi em seu governo que ocorreu o episódio do Césio 137, tendo ele superado, com maestria o drama causado pelo acidente, implantando uma série de grandes obras físicas e sociais no Estado e, muito especialmente em Anápolis, dentre elas, o sistema de esgotamento sanitário da Cidade e a construção  de edifícios como o Fórum Municipal, Estação Rodoviária, feirões cobertos e outros. Após deixar o Governo, Santillo aceitou o convite, em 1991, do então presidente da República, Itamar Franco e assumiu o Ministério da Saúde, lá permanecendo até o final do mandato presidencial. De volta a Goiás, Santillo, ainda se candidatou a Prefeito de Anápolis, não conseguindo se eleger. Em seguida, voltou a clinicar, gratuitamente, na Região Norte de Anápolis.

 

Em 1999, Henrique Santillo aceitou o desafio de chefiar a Secretaria Estadual de Saúde, cargo exercido por seis meses até passar para a Secretaria de Articulação Política do Governo de Goiás. No final de 1999 assumiu o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. No final de 2001 foi eleito presidente do órgão para o exercício de 2002, tarefa interrompida com seu falecimento em 25 de junho. O resumo de sua trajetória é o seguinte: Vereador em Anápolis (1965-1969); Prefeito de Anápolis (1969-1972); Deputado estadual mais votado (1975-1979); Senador da República por Goiás (1979-1987); Governador do Estado de Goiás (1987-1991); Ministro da Saúde (1993-1995); Secretário de Saúde de Goiás(1999); Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (1999-2002); Presidente do TCE-GO (2002).

 

Filho do meio
Adhemar Santillo, o segundo filho do casal Virgínio Santillo e Elydia. Maschietto Santillo foi um dos fundadores do MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Trabalhou na chefia de Relações Públicas da Prefeitura de Anápolis nas gestões de Jonas Duarte e Raul Balduíno. Paralelamente a isso, foi cronistas esportivo (narrador de jogos de futebol) em diversas emissoras da Cidade, quando se tornou bastante conhecido. Em virtude disso, deixou o cargo de funcionário da Prefeitura e foi eleito deputado estadual em 1970.

 

A ascensão para o Congresso Nacional foi rápida. Eleito deputado federal em 1974 e 1978 (deputado constituinte), ingressou no PMDB após o retorno ao pluripartidarismo junto com seu irmão, o então senador Henrique Santillo. Eles deixaram o partido e estiveram, por sete meses, no PT antes de retornarem ao PMDB, mudanças efetuadas ao longo de 1980. Reeleito em 1982, foi nomeado Secretário de Educação em 1983 no primeiro governo Iris Rezende deixando o cargo meses antes de se eleger prefeito de Anápolis em 1985 e, no curso do mandato, foi para o PSD por divergências com Onofre Quinan, que assumira o Palácio das Esmeraldas com a posse de Iris Rezende como ministro da Agricultura no Governo Sarney.

 

Ao deixar a Prefeitura foi nomeado Secretário de Governo pelo, então,  Governador Henrique Santillo. Eleito suplente de deputado federal pelo PP em 1994, voltou ao PSD e foi eleito prefeito de Anápolis em 1996 ao derrotar seu irmão Henrique. Não reeleito, voltou ao PMDB e ficou mais uma vez na suplência de deputado federal em 2002 afastando-se da política logo depois. Em suas duas passagens pela Prefeitura, Adhemar Santillo contabilizou uma série de grandes realizações, nos mais diferentes setores da comunidade.

 

Adhemar, ao lado de Romualdo, o irmão mais novo, comandou, por muitos anos, vários programas radiofônicos com apelo político/social. O mais famoso de todos era “O Povo Falou, Tá Falado”, inicialmente na extinta Rádio Carajá e, depois, na também, extinta, Rádio Santana. Adhemar, ferrenho opositor ao regime militar, escreveu dois livros, sendo o mais conhecido o “Da Mesa Farta, à Subnutrição”, em que criticava o desperdício de dinheiro na manutenção do Congresso Nacional. Adhemar, que era casado com a radialista e política Onaide Santillo, com quem teve três filhos, morreu, aos 81 anos de idade, no dia 09 de março de 2021, após breve internação no Hospital Evangélico Goiano.

 

O caçula
O mais novo dos “Irmãos Coragem” é o advogado, radialista e jornalista Romualdo Santillo. Tido como “a cabeça pensante” da família, ele se notabilizou pela atuação como comunicador, principalmente no Rádio, onde se destacou como animador, noticiarista e âncora de inúmeros programas. Depois, se especializou como comentarista e analista político. Teve passagens marcante pelas Rádio Carajá e Santana. Foi, também, empresário em Anápolis.

 

Romualdo Santillo, nascido em 17 de fevereiro de 1942, em Ribeirão Preto, São Paulo, veio, ainda criança, para Anápolis, onde estudou o primário e o Ginásio. Depois, se formou advogado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás em 1966. É casado com Ruth Laboissiere Santillo e pai de três filhos: Aldo Lúcio, Juliana e Ivan Lúcio.

 

Iniciou sua vida pública como Secretário da Administração, na Prefeitura Municipal de Anápolis, em 1973. Depois, elegeu-se deputado estadual pelo PMDB (10.ª Legislatura, 1983-1987). Em seguida, deputado estadual, PMDB (11.ª Legislatura, 1987-1991) e deputado estadual, suplente do PMDB (12.ª Legislatura, 1991-1995), chegando a assumir o cargo titular em 02.01/1995, exercendo suas funções até o término daquela Legislatura. Foi, ainda, Secretário da Administração e Secretário Municipal de Comunicações na Prefeitura Municipal de Anápolis, durante a administração de Ademar Santillo (1997-2000). Foi, também, Diretor da “Rádio Santana” de Anápolis e Diretor de Jornalismo da Rádio Manchester de Anápolis (2001).

 

Embora tenha seu nome inscrito na história de Anápolis, a Família Santillo, politicamente falando, a princípio, não tem uma linha sucessória garantida, assim como aconteceu com as demais famílias de políticos locais nas últimas décadas. Sua última aparição no cenário ficou por conta da odontóloga Carla Cíntia Santillo, filha de Henrique, que se elegeu deputada estadual, mas que, hoje, afastou-se das disputas eleitorais, sendo Conselheira do Tribunal de Contas do Estado. Os demais filhos de Henrique e os filhos de Adhemar e Romualdo não seguiram, pelo menos por enquanto, as pegadas de seus genitores.

 



 

Por Nilton Pereira do portalcontexto.com – fotos: reprodução

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